O bom filho a casa torna, tô de volta ...
Fiquei uma cacetada de tempo sem escrever mas vou tentar suprir essa ausência com postagens em prazos mais curtos ...
Nesse tempo fora, muita coisa mudou, mas como o lance aqui é música e não a minha vida, vamos falar de boa música.
Ando pirado na cena post-punk da Bielorrússia e até fiz uma resenha de algumas bandas de lá no blog do meu grande amigo Ricardo Marques (onde fui convidado a escrever), o "Um Blog Qualquer".
Nesse post de hoje, reproduzo aqui uma parte dessa resenha, vou falar de uma das bandas que mais tenho ouvido nos últimos tempos, o Akute.
A primeira banda bielorrussa a ganhar a minha atenção foi o Akute (o pior é falar da banda pros amigos que te olham com aquela cara de "Você bebeu?" e nem saber se a pronúncia do nome como ando dizendo está correta. Pronuncio do jeito que lemos em português mesmo.). Banda oriunda da cidade de Mogilev e que conta em sua formação com: Raman Žyharau (baixo e vocais), Stas Mytnik (voz e guitarra), Pavel Filatov (bateria).
O Akute, é uma clássica banda de post-punk. Ao ouví-los, senti-me em Londres, início dos anos 80, aquela safra magnífica de bandas: Joy Division, The Cure, Wire, Echo & the Bunnymen, e tantas outras. Uma sonoridade revisitada com um talento sensacional que faz com que o som não soe datado, mesmo estando óbvias as referências. No caso do Akute, nota-se claramente a influência gigantesca do Joy Division, uma sonoridade mais soturna, com bateria dançante, baixo bem marcado e guitarras criativas e barulhentas. A voz, é um caso à parte. Primeiro por cantarem em seu idioma pátrio (impossível cantar junto!!!) e segundo porque provavelmente eles coloquem alguma coisa na água daquele povo, ou mais provavelmente, a quantidade de vodka que consomem por lá, faz com que todos fiquem com um timbre parecido com o do Ian Curtis (vocalista do Joy Division, morto em 1980).
Eles tem 2 discos lançados, o primeiro chama-se "Dzievacki i Kosmas" e é de 2011 e o segundo e mais recente, chama-se "Nie isnuje" e é de 2012. O disco que mudou a minha opinião sobre o rock feito do outro lado do mundo, foi o de 2012, e que grata surpresa. Começa incendiário, com "Krou by vada", faixa que já coloca os saudosistas pra chacoalharem o esqueleto no baile, e que ao mesmo tempo consegue ser dançante e vigorosa, com um final épico. Conforme as faixas vão passando o disco se mostra ao mesmo tempo retrô e moderno. Não ouço só passado no som dos caras, ouço resquícios de coisas atuais como "the Killers" em "Jany pad snieham". Talvez o resquício mais oitentista e descaradamente retrô esteja em "Špital". Mesmo com alguns elementos eletrônicos e modernos, o som dos caras é calcado na década de 80 e isso, em momento algum soa pejorativo, é uma das maiores virtudes dos caras, estruturar-se e conceber algo novo baseando-se em algo que já tinha sido feito anteriormente (provavelmente quando nenhum dos caras era nascido).
Fica difícil apenas conceituar, é muito mais fácil deixar a iguaria pra que vocês apreciem. O link pro álbum dos caras tá aqui: https://soundcloud.com/akute/sets/nie-isnuje/