terça-feira, 5 de maio de 2015

O Blur está de volta, melhor do que nunca!!!

Blur - "Magic Whip"

Acho que nunca esperei um disco com tamanha ansiedade. Desde a primeira volta pros shows no Hyde Park em 2009 e desde que os vi ao vivo em 2013 (top 3 shows da vida), cogitava-se a hipótese de um disco novo dos caras. Mas não singles como saíram (as ótimas "Fool's Day" e "The Puritan"), mas sim um disco novo, completo, que colocasse novamente em estúdio como força criativa, 4 dos meus músicos prediletos que talvez formem a unidade  musical mais fodida da ilha, pós Beatles. 

Desde 2003 com o irregular "Think Tank" o Blur não lançava outro álbum. Mesmo este, já não considero um álbum 100% do Blur, pois as guitarras do monstro Graham Coxon só apareceram em uma música (Coxon saiu da banda no meio das gravações por diferenças artísticas e alcóolicas), ficando a cargo dos outros 3 concluir as gravações e fazer uma turnê mixuruca de divulgação com um fraquíssimo Simon Tong (ex segunda guitarra do The Verve) na guitarra. 

De 2003 pra cá, cada um dos quatro tocou sua vida/projetos de maneiras distintas. Graham Coxon, o guitarhero, focou na sua carreira solo, lançando alguns discos bem bacanas (mas que não chegam aos pés do Blur), Alex James, o baixista, formou o Bad Lieutenant com o povo do New Order, lançando um disco irregular, Damon Albarn, a voz, fez um baita sucesso com sua banda virtual, Gorillaz e o batera, Dave Rowntree virou vereador em Londres. Desde então, a mídia e os fãs cogitavam uma volta e um novo trabalho, e em meados de fevereiro, via redes sociais, eles dispararam o clipe de uma nova faixa "Go Out" e já disponibilizaram a capa e a lista das faixas desse trabalho inédito. Fiquei surpreso, mas feliz pra caramba. Não é toda hora que uma das suas bandas prediletas resolve lançar um disco após 12 anos de separação. 

Conseguem manter a relevância e o fator surpresa e executam o álbum na íntegra em um show transmitido pela internet, antecipando-se quase uma semana ao vazamento do álbum.

Como "fanboy" assumido dos caras, eis que "Magic Whip" me chega às mãos uma semana antes do lançamento oficial. Que grata surpresa!!! 

A química está toda lá, as vozes dobradas, o baixo sinuoso, a batera concisa, as guitarras tortas, os pianinhos estranhos, tudo no mesmo lugar. Definitivamente era um álbum do Blur. 

Há unidade e todos participando do processo criativo. Mas não esperem o Blur do "Parklife" (mais pop), nem o Blur de "13" (mais experimental), em "Magic Whip", os caras acertaram a medida, há ambos os Blur em um mesmo álbum. Equilíbrio, talvez seja esse o adjetivo que melhor defina este disco novo. 

Ainda guiados pela cozinha de James/Rowntree que se complementam e dão o fio condutor para que as guitarras de Coxon possam soar de modo pop, esporrento ou experimental, fazendo  um contraponto com a voz de Albarn, talvez o elemento mais icônico da banda, inconfundível. 

Produzido por Stephen Street, que foi o responsável pela sonoridade mais "pop" da banda, na primeira metade dos anos 90, consegue nesse novo disco, suavizar a esquisitice e embrutecer os momentos mais palatáveis, dando unidade ao álbum, fazendo com que não sobrem arestas. 

Em uma das entrevistas de lançamento, Alex James disse que com as sobras de estúdio de "Magic Whip", poderiam lançar um novo álbum. Tomara que isso seja verdade e que esta ideia tome forma em um futuro bem próximo. Com "Magic Whip" o Blur toma de assalto seu posto como a principal banda inglesa (lugar de onde nunca deveria ter saído) em atividade e nos mostra que há muito mais na ilha do que revivals de post punk e cabelos perfeitamente ajeitados com gel. Não é o melhor álbum da carreira dos caras (ponto de discussão eterna), mas mostra uma evolução e um caminho bem longo a se percorrer ainda, mostrando que o rock inglês está cada vez mais vivo. 

Até que enfim, o gigante acordou. Tomara que não demorem mais 12 anos pelo próximo lançamento, e espero que os rumores sobre shows no Brasil ainda em 2015, sejam verdade. Tô simplesmente aguado pra ver esse "Magic Whip" ao vivo. Candidatíssimo a disco do ano!!! Mais do que recomendado, essencial. 

Logo menos, tem mais. 
Até.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

As famosas listas de melhores do ano. Prevejo Tretas!!!

Buenas povo,

Pode parecer clichê, ou síndrome de Rob Fleming (Alta-fidelidade. Se não leu o livro ou não viu o filme, sai desse blog agora e vai corrigir esse erro, seu herege. Hahahahaha), mas  resolvi polemizar e fazer a MINHA lista de melhores do ano. Pode até não agradar a todo mundo (e nem é o intuito), mas vai ser muito mais bacana do que a lista de melhores do programa do Faustão, com certeza.

Como odeio dar ordem numérica de importância e pra manter um critério justo, a lista será feita em ordem alfabética pelo nome do artista/banda.

Então vamos lá. Chega de enrolação. Eis os vencedores do Troféu "É isso aí, Ferinha" na categoria Melhores Discos Brasileiros de 2014.

Banda do Mar - "Banda do Mar"

Cara, confesso que vi essa nova empreitada do Marcelo Camelo com certa descrença. Nunca duvidei da sua capacidade musical (sou pirado em Los Hermanos), mas esse lance de montar banda com a primeira dama é um lance que me deixa meio com o pé atrás (experiência própria). A própria história nos mostra isso: Lennon & Yoko, Ritchie Blackmore & Candice Night, só pra citar dois exemplos. Seus trabalhos solos ou com suas bandas de origem sempre me pareceram mais inspirados. Mas como em briga de marido e mulher não se deve meter a colher, vamos respeitar.

Camelo e Mallu já vinham participando dos discos solos um do outro de uma maneira bacana, agora, nessa nova empreitada, simplesmente juntaram forças e recrutaram o batera português Fred Ferreira pra fazer um projeto único, a Banda do Mar (que baita nome mequetrefe), que lançou um disco de estreia pra lá de bacanudo.

Embora tenha gostado um bocado do disco, não senti muita coesão. Parece se estar ouvindo hora um disco do Camelo, hora um disco da Mallu, não encontrei "a identidade" da banda, o elemento que os une. Mas isso não faz do disco, um disco ruim, longe disso. É um baita disco.

Confesso que vi mais proximidade de Los Hermanos nessa estreia do que nos discos solos do Camelo, e isso Manolo, é um baita elogio. Ao mesmo tempo, vejo Mallu se afastando cada vez mais da sua veia folk, que era a sua marca registrada e o que a trouxe a grande mídia. A vejo muito mais influenciada pela sonoridade do marido do que o contrário. Relacionamentos à parte, percebo algumas influências bacanas nesse novo trabalho, escuto ecos de tropicália em "Mia", as claras referências "mpbísticas"  em "Dia Clarear", ainda há espaço para uma sonoridade mais praieira, na linha do "Little Joy" em "Seja Como For".

A cozinha faz o básico com competência. A batera é econômica, mas dita o ritmo das canções. O baixo aqui é complemento, acompanhamento. As vozes, como de se esperar, fazem um belíssimo contraponto. Gosto mais de quando eles dividem o vocal, fica mais próximo de uma identidade, mas quando o fazem por conta própria, ainda assim é muito bom. Camelo é um baita guitarrista e o mostra por aqui sem muita firula ou solos mirabolantes. Preenche os espaços necessários. Há uma preocupação muito maior com os timbres, com a sonoridade do que com habilidades técnicas. E isso é feito com maestria.

O disco soa todo vintage, timbres clássicos, efeitos, mesmo que poucos, muito bem escolhidos. Produção de primeiro mundo. Um disco, alegre, solar, típica trilha sonora de um verão bacana. Um belo disco.

Nota: 7,5/10,0

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Cachorro Grande - "Costa do Marfim"

Malandro, que viajem! Essa é a primeira ideia que veio a minha mente ao ouvir o disco novo dos gaúchos da Cachorro Grande. Imagina assim: a banda mais do rock no país resolve ser o Kasabian por um disco ... é o conceito que mais se aproxima dessa nova fase dos caras.

Nesse disco, tudo é fora do usual. Pra começar, saíram do Brasil e foram gravar o disco na Costa do Marfim (daí o nome da bolachinha), o produtor, foi o insano Edu K (ex-De Falla), daí essa aproximação com o lance eletrônico passa a fazer ainda mais sentido. Há uma mistura absurda de elementos que anteriormente não constavam na paleta de cores dos caras. Eles flertam com percussões africanas, ritmos orientais, com samplers e bases pré programadas. Os caras abandonaram totalmente a sua zona de conforto. Ousaram mesmo. A "bizarrice" não acaba por aí, a cereja do bolo é a capa, que é quase um clone do personagem principal da novela "O Astro".

Por mais diferente que esse disco possa soar, algumas coisas não fugiram à regra (ainda bem!!!), a guitarra do Gross ainda é um dos principais elementos do som dos caras, e povo, como tá soando bacana, mesmo com todas as camadas de efeitos. O cara é um absurdo com uma guitarra na mão. Os outros caras da banda também se saíram bem pacas com essa nova roupagem. O baixo do Coruja tá soando bruto, com peso e pressão. Mesmo quando parece que é substituído por alguma parafernália eletrônica, ainda soa classudo.

A maior treta sempre cai no colo do batera. Se adaptar e coordenar as batidas eletrônicas às batidas orgânicas do seu instrumento, não é tarefa pra qualquer um, mas o Boizinho se sai bem pacas.

Não é um disco fácil, não dá pra digerir de cara. Ainda mais quando se está acostumado com a sonoridade esporrenta dos caras, mas isso, em momento algum diminui a qualidade do trabalho. Após algumas audições, o disco te acerta de jeito, e aí, já era ...

Entre fazer cover de si mesmo ou correr riscos evoluindo, a Cachorro Grande optou pela segunda hipótese e deu um passo adiante. Adeus zona de conforto, vamos ver o que vem por aí. Tô doido pra ver como essas músicas novas irão soar ao vivo. Diferente de tudo e de todos.

Nota: 7,5/10,0

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Criolo - "Convoque Seu Buda"

Provavelmente um dos discos mais esperados do ano. O sucessor do multi-premiado "Nó na Orelha".

Depois de ser agraciado por público e crítica, como manter o rumo? Como não se deslumbrar? Essas perguntas provavelmente passaram pela cabeça do rapper durante o processo de composição/gravação desse novo disco, mas o cara seguiu em frente e mais uma vez fez um dos melhores trabalhos do ano.

Criolo continua fazendo rap de maneira menos ortodóxa, é adepto do DJ, como todo bom rapper, mas o grosso de sua sonoridade é feita de maneira orgânica, por uma banda pra lá de azeitada. Seus samples mostram um bom gosto absurdo e um baita conhecimento da música negra, o que enriquece ainda mais o trabalho junto a sua banda. Guitarra, baixo, bateria, percussão, metais e um dj pra lá de entrosados, fazem a cama para que o cara possa desenvolver toda a sua ideia.

Além disso, usa e abusa de convidados pra lá de especiais pra fazer ainda mais bonito: Tulipa Ruiz em "Cartão de Visita", e uma voz que me remete à Beth Carvalho no refrão de "Duas de Cinco", mas que não posso afirmar se é ou não, pois não há informação alguma sobre.

Letras afiadas, onde Criolo faz de sua verborragia, uma metralhadora giratória pra meter o dedo na ferida da sociedade brasileira. Em seu rap periférico, fala das mazelas, das dificuldades de uma enorme parcela da população que não é ouvida de propósito, ele se furta à posição de porta-voz dessa maioria, e não faz isso apenas em forma de rap. Seu disco é plural, tem espaço pra soul, blues, reggae e samba e em todas essas searas, o cara manda bem.

Revolucionário, distribui seu disco gratuitamente via internet, está lá na sua página, pra quem quiser, sua intenção é divulgar o seu trabalho e possibilitar que cada vez mais pessoas ouçam o que ele tem a dizer. Com "Convoque Seu Buda", Criolo se solidifica não apenas no cenário do rap nacional, mas se cristaliza como um dos grandes da música brasileira com um dos melhores discos do ano. Que venham mais discos como esse.

Nota: 8,5/10,0

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Gram - "Outro Seu"

Cara, que disco é esse?! SENSACIONAL!!! O Gram, após 7 anos de hiato, volta com os dois pés no peito, cobrando o seu posto de melhor banda do rocknroll brasileiro (com méritos e direitos) e lançando o disco do ano (entre os nacionais, fato consumado).

Após o fim abrupto e inesperado em 2007 com a saída do vocalista e principal compositor, Sérgio Filho, como continuar? Levou um bom tempo para que os remanescentes (Fernando Falvo: bateria, Marcello Pagotto: baixo e o gênio Marco Loschiavo: guitarras) conseguissem equalizar o término e se reconstruírem como banda e unidade.
Infindáveis pedidos públicos de volta, e várias conversas com o ex-vocalista aconteceram sem que se houvesse um consenso sobre o retorno. Ao final, optou-se pela continuidade, mas com um novo vocalista, Ferraz foi incorporado e deu o gás que eles provavelmente precisavam pra voltar a ativa, da mesma maneira inesperada com que foram.

O disco, praticamente um EP com 7 canções, e menos de 40 minutos, nos deixa sedentos por mais novidades. Abre guitarreiro com "Sem Saída", a escolhida pra ser o single de estreia. O disco é plural, muito diversificado. Da balada cheia de slides e violões e letra genial em "Toda a dor do mundo" ("... e tão bela é a luz que ilumina sem perguntar por que, por ser tão breve de si...") a levadas hendrixianas em "Meu tom", mostram que não perderam a mão e que evoluíram nesse tempo longe.

Ecos de rock inglês dos anos 90, cozinha magnificamente bem formulada, guitarras cheias de personalidade e criatividade, e violões que são um recurso muito utilizado nesse novo trabalho dos caras, são a base para a voz de Ferraz que se impõe a frente da banda e mostra que é uma grata e positiva surpresa, principalmente em "Sei" onde o vocal realmente toma a frente. O mais bacana, foi contarem com o aval e apoio do antigo vocalista, que deu a sua benção pra que essa volta acontecesse, e se declarou fã dessa nova formação.

Tive o prazer de escutar esse discaço ao vivo em um pocket show que eles fizeram no começo de dezembro, e ele soa tão bem quanto em estúdio. Mais do que recomendado, essencial. O Gram mais uma vez nos dá uma aula de rocknroll cosmopolita e contemporâneo. De longe, a melhor banda do rock brasileiro está de volta. Louvados sejam os deuses do rock que ouviram as minhas preces e de tantos outros. Vida longa e próspera, Gram.

Nota: 11,0/10,0

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Medulla - "MVMT"

A banda dos gêmeos Kéops e Raony lançou nesse ano uma compilação com todos os EP's lançados entre 2008 e 2013, fechando um ciclo. Há a promessa de um novo trabalho pra 2015.

Calcado nas guitarras e nas vozes dobradas, o Medulla faz um som personalíssimo, diferente do que normalmente toca nos rádios/mídias especializadas. Embora tenham as vozes parecidas, quando dobradas, criam uma ambiência, um efeito interessante, e os cariocas abusam desse diferencial com muita qualidade, Hora cantada de maneira melódica, hora numa "vibe" mais puxada pro rap, as vozes são apenas o veículo para as letras de enorme cunho social dos irmãos. Cotidiano, relações humanas, desigualdade, todos os aspectos da vida real, fazem parte do caleidoscópio do Medulla.

A poesia urbana é acompanhada por uma banda de responsa. Cozinha absurda: baixo pesado e muito bem trabalhado, muito mais do que só acompanhamento, alicerça o trabalho das guitarras, mantém peso/melodia na mesma proporção, A batera (que as vezes é substituída por uma percussão tão competente quanto), dita o ritmo das levadas com uma pegada pra lá de bruta. Mas o que ainda me chama mais a atenção no som dos caras, são as guitarras. Essas fazem um trabalho muito mais melódico que o comum (embora sejam esporrentas quando as músicas pedem esse tipo de levada). Essa dualidade é visível em "Eterno Retorno" (que além de ser uma das mais melódicas, tem uma das melhores letras dos caras: "Se é mesmo a vida quem desata os nós/ E o medo dela não nos deixa entender /O universo inteiro numa casca de noz / Impõe a lei do eterno retorno..."), em "Bom te Ver" (com levada mais rocknroll) e em "Paralelo ao Chão" (uma pedrada).

O Medulla passeia por várias vertentes ao longo do disco, flerta com a MPB, com o rap, mesmo que a base de tudo seja o rock. Todos esses estilos faz do som dos caras algo único. Há em todas essas variantes uma marca que os diferencie. Sendo MPB de banquinho e violão, ou com guitarras virulentas, ainda é o Medulla, e isso é notório. Identidade, a gente vê por aqui.

Nota: 9,0/10,0

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Pitty - Setevidas

Depois de um hiato de 4 anos sem material inédito, a bahiana nos brinda com um discaço. Diametralmente oposto ao seu projeto parelelo, o Agridoce, aqui o lance é bruto, é rocknroll na veia mesmo. Peso, distorção, guitarras, baixo pesado, batera agressiva e algumas surpresas especiais ao longo do processo, matam quaisquer ranço de clichê do rock que pudesse haver nesse disco.

A banda que passou por reformulação, teve a adição do baixista Guilherme Almeida (o icônico Joe acabou saindo), o que deu um salto de qualidade no som do povo. Duda continua batendo pesado (tenho dó do seu kit de bateria), e Martin, é de longe um dos melhores guitarristas do rock brasileiro. Toca demais!!! Peso, agressividade, melodia e timbres fantásticos mostram o bom gosto e o apreço pelo instrumento e suas minúcias.


Produção e pós produção absurdamente bem feitas, timbragem cristalina, um puta trabalho. Ainda mais se levarmos em conta que o disco foi todo gravado ao vivo, com a banda na mesma sala, cara a cara, o que dificulta em muito o processo.

Além do instrumental sensacional, outro ponto alto nesse trabalho são as letras, falando de cotidiano, de relações humanas, de materialismo (como em "A massa"), de maneira direta, as vezes até sensualizando (mesmo que metaforicamente), como em "Pequena morte" e em "Um leão"

Alguns detalhes pouco usuais aparecem nesse novo trabalho, um saxofone poderoso no refrão da faixa-título, um piano, tocado pela própria Pitty em "Lado de lá", uma balada psicodélica. O disco encerra de maneira percussiva e inusitada, na balada hippie (com coro e tudo) com cara de hino "Serpente", onde ela fala sobre mudanças de maneira sutil.

O rock brasileiro estava precisando de um disco assim. Completo, pesado, rico em sonoridades, com letras relevantes, que o tirasse desse estado de estagnação e "paumolecência" dos últimos anos. Mais uma vez Pitty e sua banda dão a cara pra bater, mas se sobressaem, fazem o melhor disco de sua carreira até então, e se colocam no lugar que merecem estar, junto as principais bandas brasileiras de rock, senão a principal.

Nota: 10,0/10,0

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Planar - "Invasão"

Como tem surgido banda bacana no Rio de Janeiro de uns anos pra cá. Los Hermanos, Rockz, Medulla e agora o Planar também entra nessa lista, e com louvor.

Banda capitaneada por Leonardo Braga (voz/guitarra), conta ainda em seu line-up com o baixo de Leonardo Vilela, o Chapolin e a batera de Ivan Roichman. Cozinha competente e muito bem amarrada, dá o suporte necessário pra guitarra soar com mais liberdade e se destacar como elemento principal na sonoridade dos caras. Fazem um som moderno, seus riffs, levadas, preenchimento de espaços, silêncios, esporros, mostram uma atenção com influências do passado (principalmente a oitentista "Vendaval") e tendências modernas.

Lançado online e distribuído gratuitamente na página dos caras democratiza e facilita a possibilidade de acesso à obra e serve como ferramenta de divulgação da melhor qualidade.

Divulgação essa que tem sido feita em diferentes veículos. O clipe de "Trens" já está na programação do Multishow, o que certamente os dará uma visibilidade ainda maior (e merecida).

Esse primeiro álbum dos caras, foi todo gravado e produzido por Patrick Laplan (Los Hermanos,
Eskimo) em sua própria casa e a "gestação" desse primogênito, levou quase um ano pra ser concluída, à base de composições, conversas e muito café, como diz o release dos caras. Esse tempo de maturação se mostrou pra lá de necessário: escolha de timbres, de arranjos, de convidados (o próprio Patrick mandando ver nos sintetizadores e teclados, Alan Lopez do Medulla, em algumas guitarras e Diego Laje no metalofone, sim, metalofone em "Aqui de Cima"), e na formatação das cancões. Esse cuidado faz do disco um trabalho muito bem resolvido e atual.

Suas letras que mostram amores, desamores, solidão, sob uma ótica madura, tomam a gente de assalto e literalmente "invadem" nossos ouvidos. Quando você menos espera já está cantarolando. Bom demais de ouvir, ruim demais de largar. Os caras fizeram um belo disco.


Nota: 8,0/10,0

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Raimundos - Cantigas de Roda

Cara, há quanto tempo esperava um novo disco dos Raimundos, mas um disco de verdade, não um arremedo, e sou agraciado com essa pedrada!!! Em "Cantigas de Roda", temos o Raimundos que todos sentimos falta, de volta: as letras engraçadas, as misturas com forró/reggae/ska, os riffs metaleiros, o HC bruto, os backing vocals canalhas ... tá tudo aqui, do jeitim que todo mundo gosta.

Conseguiram fixar o melhor line-up da banda após a formação original. Digão até que enfim se achou como vocalista. Presença de palco, voz, empatia, além da guitarra absurda que toca (e que agora não é mais o seu foco principal). Canisso tá de volta, o que garante um baixo pra lá de pesado e bem executado (além do bom humor e "pedreiragem" da banda). Marquim (que já está com os caras desde a saída do antigo vocalista), tá tocando mais do que nunca. De sua guitarra saem os belos riffs, solos cortantes, execução absurda e peso meu amigo, muito peso. O novato aqui é o batera Caio Cunha, e que bela surpresa, um legítimo batera de HC, o que engrandeceu (em qualidade e peso) o som dos caras.

O disco foi financiado por crowdfunding via Catarse e arrecadou mais do que o previsto. Essa
"gordura" financeira possibilitou que a producão fosse caprichadíssima e feita em terras estadunidenses por Billie Graziadei do Biohazard (que também participa do disco em "Politcs"), ou seja, é baseado em um peso absurdo, mas com uma qualidade sonora digna de primeiro mundo. Valeu cada centavo.

O baixista Canisso descreveu o disco como sendo uma trilha sonora para rodinha, música de roda. De pogo, de violão, não importa. O disco não é só sobre farra, sarro e fuleiragem, entre as letras do disco, a primeira lançada, "Politics", fala sobre os protestos populares de 2013, um Raimundos mais consciente. Falam também sobre os percalços e perrengues da estrada (principalmente para uma banda independente, como são hoje) em "Nó Suíno", com refrão pra ser cantado a plenos pulmões enquanto se arrebenta na roda de pogo. A parceria com Zenilton é retomada na sacana "Gato da Rosinha", típica faixa do início de carreira dos caras (cheia de duplo sentido) e não deixam de ser românticos em "Gordelícia" e na pop bruta "Baculejo". Ou seja, tem Raimundos de todas as fases no mesmo disco.

Tive o prazer de vê-los ao vivo no Lollapalooza e me surpreendi com a qualidade e o peso dessas novas canções. O disco saiu em fevereiro, o Lolla foi em Junho, e todos que estavam curtindo o show dos caras já cantavam todas as novas canções da mesma maneira que as clássicas eram cantadas.

Pra um disco independente, um baita reconhecimento.O melhor disco dos caras em muuuuuito tempo. Parabéns Raimundos.


Nota: 8,5/10,0

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Supercombo - Amianto

Conheci a banda através de um amigo que disse que eu não poderia fechar a minha lista de melhores do ano sem ouvir o último álbum da banda. E que surpresa. De longe uma das melhores coisas que ouvi no ano. Que disco!!! Trilha sonora oficial do meu final de ano, não tem saído do repeat.

O Supercombo tem todos os meus clichês preferidos no rocknroll. Guitarras altas, distorcidas, com timbres incríveis e não óbvias (ficam a cargo de Pedro Ramos e de Leo Ramos que também é o vocalista) , uma garota no baixo (a linda e competente Carol Navarro que não economiza no peso e na pressão sonora, além de fazer os backing vocals), um batera pra lá de criativo (Raul de Paula, cheio de levadas sinuosas e criativas) e sintetizadores (pilotados por Paulo Vaz, dá um ar de "esquisitice" à sonoridade dos caras). Com tanta coisa que me agrada, era meio que óbvio que "Amianto" acabaria entrando nessa lista.

As letras simples, que falam sobre cotidiano, relacionamentos e questões existenciais são tão diretas quanto um soco no nariz e são tão bem amarradas ao instrumental que praticamente faz com que um não exista sem o outro. De auto-ajuda em "Piloto Automático" à crítica da nova infância em "Menino", praticamente tudo é assunto e caberiam em suas letras.

Embora as letras sejam um dos maiores destaques, é a parte instrumental que me impressiona. Mesmo dentro do rock, onde praticamente não se tem mais o que inventar, buscam uma sonoridade diferente, criativa. Há ecos de rock britânico (principalmente em "Sol da Manhã"), de esporro guitarreiro e bateria pra lá de quebrada em "Campo de força" e há espaço para os backings marcantes (a lá Pixies) em "Fundo do Mar". Um disco completo, de quem sabe exatamente a sonoridade que quer e onde quer chegar. O Supercombo tem tudo pra chegar muito longe, pra mim, a melhor novidade do ano (embora estejam na ativa desde 2007). Caso ainda não tenham ouvido, ouçam ontém. Discaço!!!

Nota: 10,0/10,0

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Suricato - "Sol-te"

Alçados a grande mídia através de um programa de uma grande rede de tv (cujo resultado, em minha modesta opinião foi pra lá de manipulado), a Suricato já não é uma novidade, nem revelação (Sol-te, é seu segundo trabalho), mas sim uma bela realidade. Um folk da melhor qualidade com espaço pra diversas influências, do pop ao cha cha cha, sem perder sua característica principal, a experimentação (o uso do didgeridoo em algumas músicas dá a dose certa de esquisitice necessária a isso).

Mesmo trazendo sua sonoridade mais para o pop, os caras não perdem a referência. Utilizando-se na maior parte das vezes de uma formação acústica, o que Rodrigo Suricato (voz, violão, guitarra e mala-bumbo), Gui Schwab (violões, viola, guitarra, banjo, weissenborn, didgeridoo), Raphael Romano (baixo e percussão) e Pompeo Pelosi (bateria e percussão) fazem, é música da melhor qualidade.

Hora flertando com a MPB como na faixa de abertura "Bom Começo", hora com o (bom) pop em "Pra Tudo Acontecer", e até com o cha cha cha em "Not Yesterday", mas quando resolvem fazer folk o fazem com uma qualidade absurda, como em "Trem" e "Um Tanto" (essa última lembra até algumas levadas da turma de Mumford and Sons e afins, coisa fina).

Não sou adepto a esses tipos de programa como esse onde o Suricato apareceu, pois toda a vez que
assisto e vejo uma banda de qualidade, ela sempre é superada pela banda de qualidade mequetrefe
com letras popularescas de sentir vegonha alheia. Aqui, não encontramos nennhum Chico Buarque, nem nenhum Renato Russo, mas há qualidade nas letras que falam sobre cotidiano e relacionamentos de maneira singela e simples e tem tudo pra cair nas graças do grande público (tomara!!! precisamos
melhorar o cenário popular brasileiro que tá ó, uma bosta).

Sonoridade bacana, um disco solar, bom de ouvir em um momento mais relax ou de descontração. Não é um disco que se precise de atenção exclusiva nele pra conseguir curtir/entender, mas caso assim o faça, a experiência será ainda melhor. Tô doido pra vê-los ao vivo, deve ser uma "vibe" muito boa.

O Suricato não é a salvação da música brasileira, mas quem quer ser? Quem tem essa pretensão? Só
sei que a parte que lhes cabe nessa fauna musical brasileira está sendo muito bem ocupada. Longa
vida ao Suricato.

Nota: 8,5/10,0
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Essas são as minhas opiniões, ninguém precisa concordar com elas. Algumas coisas ótimas ficaram de fora dessa lista como o "Zênite" da Farol Cego, o "Máquinas EP"  da banda de mesmo nome e "Vista pro Mar" do Silva. Impossível agradar a gregos e troianos, mas taí, essa lista mostra que embora combalida, a música brasileira tem muita coisa boa. Tomara que todos as bandas citadas tenham muito mais espaço e um 2015 de muito trabalho e inspiração.

Abraço a todos.

Logo menos, tem mais.
Até.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Gram, obrigado.

Buenas.

E se do nada durante esse ano de 2014, você tivesse tido a notícia de que uma das suas bandas prediletas tivesse retomado às atividades após um hiato de sete anos com uma nova formação e
lançado um disco. Qual seria a sua reação?

E se além do disco novo, você tivesse a oportunidade de vê-los ao vivo num esquema pocket-show intimista? Você iria pirar, assim como eu pirei nesta quarta-feira, 03/12. Simples assim.

A princípio, estamos falando do Gram, banda paulista que já tem 4 discos lançados (já contando com esse novo) e que retomou as atividades nesse musicalmente mágico (ao menos pra mim) 2014. Nessa nova formação contam com os remanescentes Fernando Falvo (bateria), Marcello Pagotto (baixo) e Marco Loschiavo (guitarra), além do novo integrante, Ferraz (voz, violão e guitarra).

Acompanhando alguns sites especializados em música, descobri sobre sua volta e fui atrás do disco novo, e que grata surpresa. Tudo o que me fazia pirar na sonoridade dos caras estava lá, mas agora com uma nova roupagem, uma nova voz. Confesso que de início estranhei um pouco,mas ao ouvir o disco repetidas vezes, acabei curtindo demais a dinâmica da banda com a voz do Ferraz.

Mas vamos continuar, esse post não é pra fazer resenha do disco novo dos caras (já o fiz no meu perfil do Instagram, quem quiser, acessa ai), mas sobre o show que descobri que haveria na página
dos caras no Facebook. Era algo restrito, lista de confirmação de presença e tal. Pra poucas pessoas. Assim que tive a minha presença confirmada, bastou esperar ansiosamente.


Na quarta-feira (03/12), chegando lá, um grande estúdio na região de Pinheiros, não sabia o que esperar, como seria, o que tocariam,  seria só o disco novo? Só descobriria empiricamente. Enquanto esperava o começo do show, os caras da banda transitavam pelo lugar numa boa, cumprimentando todo mundo, simpatia pura. Ainda antes da entrada, tive a oportunidade de trocar uma ideia com o Marco (um dos meus guitarheroes), sobre guitarras, equipamentos e sonoridades. Baita cara bacana e atencioso. Até que o mesmo Marco, nos chama pra dentro do estúdio e avisa que a brincadeira iria começar.

Abrem o show com o primeiro single do disco novo, "Sem Saída", mas a tocam com muito mais energia, muito mais pegada. Mesmo essa sendo uma música nova. já era cantada por todos, o que aumentou ainda mais o clima de proximidade entre a banda e o público. Durante o show, transitam por músicas de todos os discos ("Gram"/2004 e "Seu Minuto, Meu Segundo"/2006), e não há em momento algum, qualquer comentário negativo sobre o jeito que o Ferraz canta essas canções. É engraçado, mas o cara está tão a vontade naquele lugar, que parece ter sido sempre ele a cantar aquelas músicas. Se adaptou às canções com uma habilidade absurda.

Mas o foco ainda é o disco novo, e essas canções funcionam muito bem ao vivo, mantem a essência do que é o Gram, mesmo sendo um novo Gram.

Em determinado momento, antes de começarem a tocar uma das novas, "Condição", Ferraz e Marco convidam a galera pra subir ao palco e se ajeitar por lá mesmo. Todo mundo aceita o convite e o palco passa a ser uma "roda de violão", tamanho clima intimista que a coisa passa a ter. Daí pra frente, não havia mais barreira alguma entre banda e público. Éramos pessoas, em um mesmo ambiente, apreciando uma das melhores bandas que a música brasileira foi capaz de nos proporcionar. Mas o ápice (ao menos pra mim), veio ainda depois.

Ao anunciarem a música que encerraria o setlist, a clássica "Você pode ir na janela", todo mundo se empolga e ela é cantada em uníssono por todos os presentes. Não satisfeito, Ferraz chama um cara da plateia pra cantar em seu lugar. Outro rapaz sobe também. Quando menos imagino, Marco, tira seu microfone do pedestal e o dá na minha mão, me chamando pra participar da festa.

Sensação indescritível.

Fazer parte da festa que foi, e ainda ter a honra de subir ao palco e participar do show de uma das suas bandas preferidas, é história pra contar aos netos.

O Gram nos mostrou que uma banda de verdade não é feita apenas por bons músicos, mas sim por gente de verdade, e por uma cacetada de virtudes que são raras nos dias de hoje: simpatia, humildade, veracidade, além do talento, que eles tem de sobra.

Fim de show, todos com sorriso de orelha a orelha, já sedentos pela próxima apresentação. Fotos, autógrafos e convite pra ficar e tomar mais uma com os caras (pena que já tava quase no fim do horário do metrô, senão ficava, com certeza).

 
Que 2015 nos reserve outras surpresas dessas.

Longa vida ao Gram!!!

Logo menos tem mais, até.


domingo, 30 de novembro de 2014

O maior espetáculo da Terra, ou Paul McCartney ao vivo.

Quarta-feira, 26/11, 21h00 no estádio do Parmêra, foi onde realizei um dos maiores sonhos da minha vida e o de qualquer cara pirado por rock (por boa música, pra falar a verdade). Meu encontro com a nobreza inglesa, o maior espetáculo da Terra, Paul McCartney ao vivo.

Expectativa e ansiedade definiram meu dia todo até a entrada no estádio. Uns 10 minutos após a entrada, eis que começa a chuva no estádio. Pra lavar a alma dos amantes da boa música. A espera é sempre angustiante, mas a recompensa vale cada minuto.

Com aproximadamente 40 minutos de atraso, Sir Paul McCartney sobe ao belo palco ao lado de sua indefectível banda e qualquer angústia pela espera se esvai. Empunhando seu fiel companheiro, o lendário baixo Hofner Icon e com uma disposição do alto dos seus 72 anos de fazer inveja a muito moleque por ai, começa em ritmo frenético com a cacetada (urrada a plenos pulmões por este escriba) "Magical Mistery Tour", o que por si só já me deixa atônito, pois não tinha ideia de que essa entraria em qualquer setlist (embora o cara tenha tantas opções que todos os shows seriam uma nova surpresa). Cantando como nunca, engolindo seu contrabaixo com a mesma fúria e destreza de sempre, e mostrando porque era o melhor músico dos fab-four (em termos de competência, habilidade e musicalidade), reveza entre violões (de 6 e de 12 cordas), guitarras, piano e até ukulelê (na homenagem ao eterno George Harrison, "Something"). Todas as pessoas importantes para o cara merecem a devida homenagem e momento de carinho: George como disse acima, Lennon em "Here Today", Linda em "Maybe I'm Amazed" e sua atual esposa Nancy em "My Valentine" (com um clipe genial que conta com Johnny Depp e Nathalie Portman interpretando a letra da música em linguagem de sinais. Coisa de gênio).

Paul faz um passeio desenvolto por toda a sua carreira, sua fase com os Wings, a fase atual (o disco mais recente tá animal, fora de brincadeira) e a fase Beatle, que a cada nova canção tocada, é comemorada por todos como gol em final de copa do mundo. Paul sabe dosar as fases com maestria e consegue agradar a todos. Traz pirotecnia e explosões em "Live and Let Die" (com direito a canhões no palco e fogos de artifício do lado de fora do estádio. De fazer muita banda metida a espetáculos mais teatralizados corar de vergonha. Paul te ganha pelo simples, isso aqui é só um plus).   Encerra a primeira parte com "Hey Jude" (vejo emoções e lagrimas por todos os lados e as quase 50 mil pessoas cantando o "Na na na" mais famoso da história do rock como se não houvesse amanhã. Coisa linda) e ainda volta pra mais dois "bis", encerrando de maneira épica com "Helter Skelter" e "The End".

Paul tem controle total da situação. Rege tudo como um maestro, banda e público, é o soberano dos palcos e faz do seu ganha pão um espetáculo mais do que digno da grandiosidade que se espera de verdadeiros artistas (o que esse cara faz desde o começo dos anos 60 é arte pura, feita com competência e alma, o que não é pra todos).

Apagam-se as luzes do palco, já era o fim (dessa vez sem bis), só vejo sorrisos, de todos os lados. Já passava da 0h30, um monte de gente não tinha a menor ideia de como voltaria pra casa, mas assim como eu, saiu do belo estádio do Parmêra com a alma lavada, pela perfeição musical e pela chuva. Revigorante como cachoeira, mágico como só o rock é capaz de ser.

Set list:
1- Magical Mystery Tour
2- Save Us
3- All My Loving
4- Listen to What the Man Said
5- Let Me Roll It
6- Paperback Writer
7- My Valentine
8- Nineteen Hundred and Eighty-Five
9- The Long and Winding Road
10- Maybe I’m Amazed
11- I’ve Just Seen a Face
12- We Can Work It Out
13- Another Day
14- And I Love Her
15- Blackbird
16- Here Today
17- New
18- Queenie Eye
19- Lady Madonna
20- All Together Now
21- Lovely Rita
22- Everybody Out There
23- Eleanor Rigby
24- Being for the Benefit of Mr. Kite!
25- Something
26- Ob-La-Di, Ob-La-Da
27- Band on the Run
28- Back in the U.S.S.R.
29- Let It Be
30- Live and Let Die
31- Hey Jude
Bis
32- Day Tripper
33- Get Back
34- I Saw Her Standing There
Bis
35- Yesterday
36- Helter Skelter
37- Golden Slumbers

Logo menos tem mais, até.

domingo, 16 de novembro de 2014

#discodasemana - Outubro/2014

Oi povo bonito!!!

O mês tá sendo corrido, por isso a demora na postagem das resenhas do mês passado. Mas aqui estão elas. Caso queiram acompanhar as resenhas via instagram, só seguir o perfil: @hadouken_sp ou acompanhar a hashtag "#discodasemana ...

Vamos ao que interessa, bons sons.

 Kula Shaker - "K"

Eis aqui o disco mais espiritual do brit pop da década de 90, "K" do Kula Shaker. Um disco de rock (mesmo que muito mais espiritualizado do que qualquer um) absurdamente calcado nos anos 70. Guitarras, muitas guitarras. Crispian Mills as pilota com maestria. Com toda a certeza era um dos maiores músicos da cena inglesa na época. Cozinha pesada e competentíssima e os teclados mais bacanudos da ilha, tocados pelo fodástico Jay Darlington (que depois veio a tocar com o Oasis).

Fizeram um disco ímpar na história do rock ao misturar a sonoridade dos anos 70 com a ideologia hindu. E que mistura pra lá de inusitada. Conseguem imprimir sua crença sem que isso seja chato. Há uma cacetada de elementos da cultura hindu em seu sim. Tablas, cítaras e vocalizações baseadas em escalas orientais.

O disco todo é ponto alto. Do petardo rocker em "Hey Dude" com riffs pesados, a acústica/psicodélica "Temple of Everlasting Light", os ingleses mostram um caldeirão de ótimas referências para fazer um disco coeso e muito bem composto. Ponto mais que positivo para os mantras musicados "Govinda" e "Tattva" que elevam a audição do disco a outro nível (de consciência e concepção musical, a ideia é pra la de genial) e a homenagem a um dos pais da psicodelia, Jerry Garcia (ex-Grateful Dead) na faixa "Grateful When You're Dead/Jerry Was Dead" é um golaço.

Com toda a certeza, "K" é um dos melhores discos da década de 90, pena que passou desapercebido pelo grande público, o que é uma das maiores injustiças do rock. Ouça ontem. Namastê!!! #discodasemana #disco #rock #rockmusic #psicodelia #1996 #hindusongs #indian #hindu #kulashaker #k #ducaráleo #monstruoso #prediletosdacasa #amomuitotudoisso

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The Black Keys - "Turn Blue"

Como continuar sendo relevante e inventivo após lançar o disco mais elogiado da carreira? Qual o próximo passo? O que fazer?

Imagino que estas perguntas permearam a cabeça de Dan Auerbach, a mente criativa dos Black Keys durante o processo de composição de "Turn Blue", seu mais recente disco. Embora calcado nos timbres blueseiros de sempre, eles fizeram um disco mais introspectivo.

Diametralmente oposto ao anterior "El Camino". Enquanto o anterior era pra cima, alegre, solar, este "Turn Blue" é soturno, solitário, por vezes triste até, mas isso não faz dele um disco menor, pelo contrário, mostra que os caras passeiam por todos os lados e conseguem fazer ótimas canções devido a isso.

Timbres e sonoridades vintage são a tônica desse disco. Mesmo na introspectiva faixa título, a timbragem antiga é uma clara referência. Conseguem ser plurais: há rockões típicos como em "Bullet in The Brain", baladas classudas como "Waiting on Words" e "In Our Prime", e canções mais pop para chacoalhar o esqueleto, como "Fever".

Apesar de mais introspectivo, ainda é um disco de rock. O ponto alto é "The Weight of Love" e sua introdução cheia de slide guitars e timbres insanos. Podiam repetir a fórmula do disco anterior e manter-se em evidência, mas fizeram melhor, conseguiram destaque por fazer um disco inesperado. E pra isso tem que ser sacudo de verdade, e os Black Keys foram. Mérito pra eles. Discão!!! Um dos sérios candidatos a melhores de 2014. Fácil. #discodasemana #disco #blackkeys #turnblue #rocknroll #rock #rockmusic #vintage #Ducaráleo #bomdemais #melhoresde2014 #bluesy #prediletosdacasa

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O que fazer quando você já experimentou de tudo na música e ainda busca pelo novo, pelo inusitado? Essa pergunta deve permear a cabeça de Thom Yorke e da rapaziada do Radiohead o tempo todo, e deve ter sido a base para a composição de seu sexto álbum de estúdio, o genial "In Rainbows". 

Musicalmente falando, é uma síntese de todas as fases da carreira dos caras. Do experimentalismo eletrônico (da fase "Kid A" e "Amnesiac") em "15 Steps", passando pelo esporro e guitarrístico (da fase "Pablo Honey") em "Bodysnatchers" e pelas fases deprês existencialista (de "The Bends" e "Ok Computer") em "Nude" e "All I Need", tudo aqui é feito com a magistral competência Radioheadiana. 

Está tudo no seu devido lugar, as guitarras do Johnny, as vozes do Thom e do Ed, o baixo pesado e cavernoso do Coz e a batera econômica do Phil. 

Se tudo corre pelo certo, qual a diferença e genialidade desse álbum pros outros? A forma de distribuição. Isso mesmo. Eles colocaram à época o álbum para ser vendido em seu site e cada um pagava o que achava justo. Claro que havia um valor mínimo, mas a ideia em si já foi revolucionária e o álbum vendeu muito mais que o esperado. 

E independente de quanto se pagasse, esse álbum vale cada centavo. Parece uma coletânea de tanta música boa. É um disco desigual, alterna momentos mais introspectivos com momentos mais alegres, mas tudo na medida certa, nem deprê demais, nem feliz demais. Uma meia estação. Aquele clima típico inglês. Não conseguiria indicar uma ou duas músicas, ouça tudo, de preferência com bons fones de ouvido. A experiência é absurda. 

Não a toa o Radiohead é abanda mais genial de sua geração, se reciclam, se reinventam a cada novo disco. Longa vida a Thom Yorke e cia. Disco mais do que recomendado, essencial. #discodasemana #disco #radiohead #inrainbows #genial #foda #Ducaráleo #duk7 #rock #indie #essencial #prediletosdacasa

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Cara, que disco é esse?! SENSACIONAL!!! O Gram, após 7 anos de hiato, volta com os dois pés no peito, cobrando o seu posto de melhor banda do rocknroll brasileiro (com méritos e direitos) e lançando o principal candidato a disco do ano (entre os nacionais, fato consumado). 

Após o fim abrupto e inesperado em 2007 com a saída do vocalista e principal compositor, Sérgio Filho, como continuar? Levou um bom tempo para que os remanescentes (Fernando Falvo: bateria, Marcello Pagotto: baixo e o gênio Marco Loschiavo: guitarras) conseguissem equalizar o término e se reconstruírem como banda e unidade. 
Infindáveis pedidos públicos de volta, e várias conversas com o ex-vocalista aconteceram sem que se houvesse um consenso sobre o retorno. Ao final, optou-se pela continuidade, mas com um novo vocalista, Ferraz foi incorporado e deu o gás que eles provavelmente precisavam pra voltar a ativa, da mesma maneira inesperada com que foram.

O disco, praticamente um EP com 7 canções, e menos de 40 minutos, nos deixa sedentos por mais novidades. Abre guitarreiro com "Sem Saída", a escolhida pra ser o single de estreia. O disco é plural, muito diversificado. Da balada cheia de slides e violões e letra genial em "Toda a dor do mundo" ("... e tão bela é a luz que ilumina sem perguntar por que, por ser tão breve de si...") a levadas hendrixianas em "Meu tom", mostram que não perderam a mão e que evoluíram nesse tempo longe. 

Ecos de rock inglês dos anos 90, cozinha magnificamente bem formulada, guitarras cheias de personalidade e criatividade, e violões que são um recurso muito utilizado nesse novo trabalho dos caras, são a base para a voz de Ferraz que se impõe a frente da banda e mostra que é uma grata e positiva surpresa, principalmente em "Sei" onde o vocal realmente toma a frente. O mais bacana, foi contarem com o aval e apoio do antigo vocalista, que deu a sua benção pra que essa volta acontecesse, e se declarou fã dessa nova formação. 

Tô ansioso pra ver essa pérola ao vivo. Se não for o disco do ano, na minha lista vai figurar entre o top 3. Mais do que recomendado, essencial. O Gram mais uma vez nos dá uma aula de rocknroll cosmopolita e contemporâneo. De longe, a melhor banda do rock brasileiro está de volta. Louvados sejam os deuses do rock que ouviram as minhas preces e de tantos outros. Vida longa e próspera, Gram. #disco #discodasemana #Gram #outroseu #melhoresde2014 #foda #Ducaráleo #atéqueenfimvoltaram #essencial #discotecabásica #prediletosdacasa

Mês que vem, tem mais.

Até.

domingo, 5 de outubro de 2014

#discodasemana - Setembro/2014

Buenas, povo.

Aqui estão as resenhas feitas durante o mês de setembro no meu perfil do Instagram.

Caso queiram acompanhar por lá, é só seguir: @hadouken_sp ou usar a hashtag #discodasemana ...

Let´s rock!!!




Um verdadeiro disco de rock, é assim q defino esse quinto trabalho dos galeses. 

Cru na medida certa, melodioso na mesma proporção, os caras acertaram a mão e lançaram um dos melhores discos da década passada. Do esporro de "Girl", à sensibilidade de "Lolita", nada sobra por aqui. O disco é completo. 

Ganharam em competência com a entrada do batera argentino Javier Weyler, que faz da cozinha, junto com o baixo, algo consistente e preciso. Há alguns efeitos, tecladinhos e afins, adicionais que casam perfeitamente com o clima das canções, não há exageros, é tudo muito preciso. As guitarras também, acertaram a proporção: distorção e melodia na medida certa. A voz do Kelly Jones é a cereja do bolo. Nunca cantou tanto. Melodia, clareza, dicção e aquela rouquidão clássica, que faz com que ele seja inconfundível. Posso dizer sem medo de errar que falamos aqui de uma das maiores vozes do rock britânico e talvez mundial. Canta muito esse menino. 

Discaço. Provavelmente o melhor da carreira dos caras. Ah!! Só pra constar, ainda tem "Dakota", pra mim, é "a música" dos caras. Simplesmente perfeita. Recomendadíssimo. Baixe, compre, roube, peça emprestado, mas não deixe de ouvir. Até. #disco #discodasemana #stereophonics #languagesexviolenceother #rocknroll #rock #brit #clássico #discaço #fodademais #incrível #amomiitotudoisso #Dakota #prediletosdacasa

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Manolo, que cacetada esse segundo disco dos cariocas do Autoramas. Sensacional!!! 

Deveria ser considerada até como coletânea de hits, dada a quantidade de clássicos presentes nessa bolachinha. Abre esporrento e romântico com "Você Sabe" e termina instrumental e insano com "HxCxIx", mas com um miolo de qualidade absurda, "Nada a Ver", "Rei da Implicância", "Resta 1" e "O Inferno são os Outros", essas duas últimas na voz da ex-baixista, Simone Dash. 

Disquinho gravado com a formação original, alem de Simone, Bacalhau na batera e Gabriel Thomaz na voz/guitarra. Um puta disco de rock. Uma caldeirão de boas influências: garage, punk rock, jovem guarda e new wave, ou seja, os Autoramas fazem o que prometem, rock pra dançar. 

Produzido e gravado como nos anos 60/70, em analógico e com instrumental quase todo gravado ao vivo, numa paulada só. Sem medo de errar a mão na sonoridade vintage. Esse disco cheira a distorção valvulada. Que timbres. Guitarras cheia de efeitos de "echo", "tremolos" e "vibratos", alem daquele drive orgânico que só um belo par de válvulas EC84 são capazes de dar. O baixo, com uma distorção do capeta. Pesado. A batera minimalista e seca, sem efeitos de gravação. Só cacetada e ritmo. Se não é o melhor trabalho dos caras, ta bem perto disso. Um baita disco. Fodástico. Ouça ontem. #discodasemana #disco #foda #autoramas #nadapodepararosautoramas #segundo disco #rock #rrrrrock #driveorganico #vintage #classudo #discaço #brasil #prediletosdacasa #retrôsemservelho #rockpradançar #eupiro

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Ah se todo disco de blues fosse assim... bruto, virtuoso (sem ser chato), dinâmico e com os dois pés no rocknroll, eu ouviria muito mais blues do que ouço geralmente. 

John Mayall e seu "dream team" bluesy fazem um disco de gente grande, de quem sabe o que está fazendo e o faz com gosto. Banda competentíssima, baixo pesado, guitarra rítmica regendo o negócio todo, o piano de Mayall pontuando e dando corpo pro som, a batera absurda (com um solo típico de jazz sem soar chato), além das gaitas e metais que fazem um lance diferenciado do blues comum. A voz rouca de quem tomou whisky demais de Mayall é um caso a parte. Interpreta as músicas com um feeling do cacete, sofrido até, mas com uma veracidade de causar inveja a muitos "cantores" que se acham demais. 

Tudo aqui é coeso e é feito em cima de "jams sessions", onde os músicos gravam o que estão tocando ao vivo, isso é pra bem poucos. Tem que tocar demais pra gravar um disco nessa pegada. Formato típico dos anos 60, que é quando essa obra atemporal foi gravada. Simplesmente a minha redescoberta, ou até a descoberta do blues. Não poderia querer começar melhor. 

ps: A guitarra mágica que eleva o disco à condição de clássico é de ninguém menos que Eric Clapton, e sobre esse cidadão, não precisamos tecer comentários. "Clapton os God". #discodasemana #disco #johnmayall #bluesbreakers #Ericclapton #beanoalbum #blues #rock #clássico #fodástico #Ducaráleo #auladecomotocar #discaço #claptonisgod #guitarra #amomuitotudoisso

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Ronnie Von faz ao mesmo tempo um dos melhores discos de música brasileira e o maior suicídio comercial da história. Junto a Arnaldo Saccomani e do maestro Damiano Cozzela, introduzem a psicodelia na música nacional com ecos de Beatles e Beach Boys, orquestrações e guitarras garageiras. 

Abre com poesia em "Meu Novo Cantar" até entrar em uma levada pra lá de garage rock, passa por orquestrações sinfônicas com letra surrealista em "Espelhos Quebrados", guitarras com distorções Hendrixianas em "Silvia, 20 horas, domingo", passa pelo cancioneiro tradicional, onde mistura guitarras e efeitos, até terminar na circense "Canto de Despedida". 

Um disco amplo, plural que mostra a genialidade de um Ronnie inquieto que teve coragem pra fazer um dos discos mais impensados e anos luz a frente de sua época. Só passou a ter valor após 2000 quando foi eleito o melhor e mais raro disco de música psicodélica do mundo por uma renomada revista. A volta por cima de um gênio incompreendido. Disco irrepreensível e essencial. Isso significa que tio Ronnie é ducaráleo? Significa!!! #discodasemana #disco #rock #rockmusic #psicodelia #vintage #classico #ducaráleo #monstruoso #prediletosdacasa #amomuitotudoisso

Logo menos, tem mais.

Até.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

#discodasemana - Agosto/2014

Buenas,

Agosto foi um mês atípico, teve 5 semanas, logo, 5 resenhas novas pra vocês.

Caso queiram acompanhar pelo instagram, é só seguir: @hadouken_sp ou usar a hashtag "#discodasemana ...

Vamos ao rocknroll que é o que interessa:

 "(Whats the Story) Morning Glory?" - Oasis

Clássico da minha adolescência. Me acompanha desde 1995, quando saiu.

Esse disco é a afirmação do Oasis, o temido segundo disco cheio de expectativa e responsabilidade. Aquele q costuma derrubar os mais incautos, mas isso não acontece aqui, nem de longe. Esse disco nada mais é do que uma coleção de pérolas que mostra ao mundo a genialidade de Noel Gallagher e da com que seu irmão caçula, Liam, se roa de ciúmes.

Disco todinho composto pelo Gallagher mais velho que aqui é amparado pela segunda formação dos caras. Aquela aura rocknroll do primeiro disco é um pouco deixada de lado com a troca do batera. O novo, Alan White é muito mais técnico, mas não tem o feeling nem a pegada rocker de Tony McCarroll, o batera sumariamente expulso da banda, pois pros irmãos, ele não tinha habilidade suficiente. Os outros comparsas de sempre pra segurar a onda, "Bonehead" Arthurs (na guitarras) e Paul McGuigsy (no baixo).

O disco abre rocker com "Hello", numa continuação direta do primeiro disco, depois oscila entre alguns pops, outros rocks e o ponto alto desse disco, as baladas. São essas as músicas que mais pegaram e fizeram a fama da banda (popularizou monstruosamente o trabalho dos caras). O final do disco é épico com a baladaça "Champagne Supernova" com refrão grudento pra cantar a plenos pulmões e solo marcante do Gallagher mais velho.

Um disco conciso, bem feito, que mostra o crescimento de uma banda em pleno vôo. Um dos discos que mudaram minha vida. Simplesmente sensacional. #disco #discodasemana #oásis #whatsthestory #noel #gallaghers #rock #britpop #eupiro #clássico #foda #prediletosdacasa

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"Everything Must Go" - Manic Street Preachers

Como continuar após o trauma de perder seu principal letrista? O cara simplesmente escafedeu e nunca mais foi achado.

Decidir continuar foi uma atitude adulta e sensata. Mas recomeçar nunca é fácil, mas os Manics o fizeram com maestria. Substituíram a segunda guitarra do amigo sumido por orquestrações, pianos/teclados, violinos, harpas e fizeram as músicas mais bem arranjadas da sua carreira.

Dos rockões como "Austrália", "Enola/Alone" e "Further Away", às orquestrações e lirismos de "A Design For Life" e da faixa título, tudo soa como Manic Street Preachers, mesmo que não seja como de costume. Tiveram que evoluir na marra.

Nesse disco consta também a ultima canção escrita por Richey James antes do chá de sumiço, "Kevin Carter", com as guitarras típicas dos Manics de outrora e o refrão. Pra cantar a plenos pulmões. Ah!! Quanto a cantar, JD Bradfield nunca cantou tanto como neste disco.

Quando dizem que tudo deve seguir em frente ("Everything Must Go", em português), eles levam isso extremamente a sério e fazem a sua obra prima. Talvez para mostrar ao mundo como eram capazes, ou como um pedido de desculpas a Richey por terem continuado, tanto faz. Eis o ápice dos galeses nessas 12 faixas. Disco de gente grande. #discodasemana #disco #rock #manicstreetpreachers #msp #everythingmustgo #eupiro #guitarras #foda #épico #melhor #prediletosdacasa

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 "48:13" - Kasabian

Caos. Se pudesse definir esse disco novo do Kasabian em uma só palavra, seria essa.

Já começa bizarro pela capa pink e a única imagem (que não é imagem) é o tempo das músicas. Seria um novo conceito ou preguiça mesmo?

O disco começa cheio de barulhinhos com a instrumental "Shiva", depois a pedrada, arrasa-quarteirão"Bumblebee" (séria candidata a música do ano), uma cacetada com baixo pesado, batera surrada, voz distorcida, backings cavernosos e guitarras pontuais. Ai entramos em outra máxima sobre os caras: Pra que serve a guitarra do Pizzorno? Figuração? Se fosse só a do Jay Mehler ja estaria de bom tamanho, mas se insistem em 2, quem sou eu pra falar?

Impossível não comparar esse disco aos trabalhos do Primal Scream, a mistura de rock com música eletrônica é latente e indissolúvel no som dos caras. Mas mesmo parecendo tanto, nota-se que é influência, referência, não cópia ou plágio. Um disco não linear, ao mesmo tempo que há músicas pra curtir na pista e pra cantar a plenos pulmões em festivais, há espaço para a bucólica "S.P.S.".

Conseguiram evoluir ao longo dos anos e fizeram esse discasso (desde já, candidato a melhores de 2014) mostrando que a fórmula não se esgota com facilidade. Pode não mudar a vida de ninguém, mas é uma puta trilha-sonora pra uma festa pra lá de animada. Fica a dica. Recomendado. #disco #discodasemana #kasabian #4813 #rock #electronic #indie #duk7 #bompacas #melhoresde2014 #eupiro #capafeiadok7

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 "Lonerism" - Tame Impala

Chapação e viagem. Os australianos revisitam a psicodelia dos anos 60 e 70 como se ainda por lá estivessem.

O álbum começa seco, com "Be above it", que até explodir, nem parece a mesma banda que gravara anteriormente o fodástico "Innerspeaker". Essa primeira faixa está muito mais pra algo eletrônico/experimental do que pra Tame Impala.

A Piração e a imersão nos sons de outrora começam em "Endors Toi" e tem o seu pico em "Apocalypse Dreams" (pra mim a melhor faixa dos caras, a síntese do que é o Tame Impala), e daqui pra frente o álbum se torna uma viagem sem volta, psicodélico e viciante, te leva para estados alterados da mente, principalmente se estiver ouvindo através de fones de ouvido.

Tudo é perfeito, tudo soa vintage, tudo soa de época, o que é a maior virtude dos caras. Eles não soam como cópia. Teria feito bonito em Woodstock ou em qualquer outro festival psicodélico dos anos 60 ou 70. Soam consistentes e verdadeiros. Baixo pesado, batera crua, guitarras cheia de efeitos, teclados, muitos teclados e voz, etérea, como se viesse direto de um sonho. Pra ouvir assistindo Alice no País das Maravilhas, doidaço. Ou pra entrar em uma viagem sonora apenas com a musica como combustível de chapação. Simplesmente alucinante. Recomendadíssimo. #disco #discodasemana #tameimpala #lonerism #psicodelismo #rock #rockmusic #viajandão #60s #70s #Ducaráleo #foda #discaço #presiletosdacasa #muitobom

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 "Into the Sun" - Sean Lennon

Impossível não comparar o caçula do clã dos Lennon com seu próprio pai, o ex-beatle. A voz é incrivelmente parecida, mas as semelhanças musicais acabam por ai.

Sean se mostra um artista cosmopolita e plural. Em seu disco de estreia, o fodástico "Into The Sun", monta uma colcha de retalhos sonora, um caleidoscópio musical com uma banda de responsa que contava com a participação de Yuka Honda do Cibbo Matto nos teclados e que chegou a fazer um show absurdo no finado Free Jazz Festival.

O disco abre esporrento com "Mistery Juice" e se transforma, bossa nova em "Into the Sun", em jazz em "Sean's theme", pop romântico em "2 fine lovers", indie rock em "Home" e segue em deu caldeirão. Nenhuma musica é igual a outra, mas em todas podemos ver que suas influências dao atemporais, mas há um pezinho no vintage, na escolha dos timbres e sonoridades. Atual com filtro antigo.

Mesmo o disco tendo sido lançado em 1998, ainda me traz uma sensação de frescor que não percebo em muitas bandas atuais. Uma pena esse disco não ter feito o devido sucesso por aqui. Houve uma tentativa nanica de divulgação por parte da Mtv Brasil, mas foi insuficiente pra fazer o disco pegar. Uma enorme injustiça. Um dos melhores discos de estreia da década de noventa e desde sempre um dos #prediletosdacasa ... Sensacional e pra lá de recomendado. #ficaadica #rock #Music #seanlennon #intothesun #disco #discodasemana #anos90 #plural #foda #duk7 #filhodojohn #Lennon #sensacional #amomuitotudoisso

É isso ai ... mês que vem, tem mais!!!